Banqueiros, a igreja católica, empresários e uma dama da sociedade entre si repartem o espólio do "defunto".
Curiosos veem estupefatos o estranho defunto. O espanto é maior ao reconhecerem no caixão objetos comuns ao seu dia-a-dia. No fundo do caixão foi fixado um espelho.
O cortejo percorre os corredores do departamento de Artes e segue em frente a Universidade Federal do RN.
Lá fora, 500 cruzes de madeira foram fixadas.
Nesse instante a universidade deixa de ser a casa do conhecimento e passa a ser o cemitério da ciência.
São 10 horas da manhã, chove levemente, as pessoas estão curiosas, estupefatas, confusas, mas de acordo com a ação do enterro pois é evidente que a tal ciência morrera há tempos.
“A morte da ciência” foi uma atividade artística ocorrida em 2002 na UFRN, idealizada por mim, realizada durante a “Semana dos ignorantes”, atividade artística e social criada pela professora de cultura popular Clotilde Tavares visando ampliar a discussão sobre os conhecimentos acadêmicos e a capacidade de resolver problemas comuns interagindo com a sociedade. Com o apoio de vários colegas, principalmente de Ilton, foram fixadas 500 cruzes de madeira na frente da UFRN. De corpo presente velamos a ciência representada por equipamentos eletroeletrônicos, e caixas de produtos industrializados juntados em um caixão de defunto, forrado por folhas de outdoor.
A Instalação e as performances questionavam o quanto a ciência no mundo contemporâneo urbano, ocidental se distanciou da sua orientação humana original em favor da indústria, do mercado se transformando em instrumento de grandes grupos financeiros. Questionava-se também a quem a universidade servia: para as pessoas ou para as corporações econômicas.